Aluisio Palhano - Desaparecido


Dados Pessoais
Nome: Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Cidade:
(onde nasceu)
Pirajuí
Estado:
(onde nasceu)
SP
País:
(onde nasceu)
Brasil
Data:
(de nascimento)
5/9/1922
Atividade: Advogado
UniversidadeUniversidade Federal Fluminense UFF
Dados da Militância
Organização:
(na qual militava)
Vanguarda Popular Revolucionária VPR
Brasil
Nome falso:
(Codinome)
João Alves Pedreira Ferreira
Prisão: 9/5/1971
São Paulo SP Brasil
Morto ou Desaparecido:
Desaparecido
24/4/1970
São Paulo SP Brasil
Segundo informações da família.
Clandestinidade
Desaparecido
21/5/1971
São Paulo SP Brasil
DOI-CODI/SP
Segundo carta de Altino Dantas Jr., companheiro de prisão.
Clandestinidade
Dados da repressão
Orgãos de repressão
(envolvido na morte ou desaparecimento)
Departamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna/RJ DOI-CODI/RJ RJ Brasil Departamento de Operações Internas - Centro de Operações de Defesa Interna/SP DOI-CODI/SP SP Brasil
Agente da repressão:
(envolvido na morte ou desaparecimento)
Dirceu Gravina JC
Biografia
Biografia
Militante da VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA (VPR).
Nasceu a 5 de setembro de 1922, em Pirajuí/SP, filho de João Alves Pedreira Ferreira e Henise Palhano Pedreira Ferreira. Desaparecido aos 49 anos de idade.
Trechos de um texto escrito por Branca Heloysa, sua cunhada:
"Em 1929, Aluísio e seu irmão Honésio, com 7 e 8 anos respectivamente, foram internados no Colégio Mackenzie, em São Paulo. Três meses depois, Aluísio apareceu sozinho em Pirajuí, a 350 km de São Paulo. Não havia se conformado com o regime do internato. Em 1932, com a morte de seu pai, a família mudou-se para Niterói. Mais uma vez foi internado, desta vez no Colégio Salesiano, em Santa Rosa/Niterói. Uma vez mais Aluísio se rebelou contra o internato.
Terminou o curso secundário no Colégio Plínio Leite e trabalhou como bilheteiro no Cine Royal, em Niterói.
Aos 21 anos ingressou no Banco do Brasil onde trabalhou até ser cassado pelo Ato Institucional n.1 (AI-1) em 1964. Formou-se advogado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense.

Por duas vezes foi presidente do Sindicato dos Bancários. Em 1947, casou-se com Leda Pimenta e tiveram dois filhos, Márcia e Honésio.
Em 1963 foi eleito presidente da CONTEC (Confederação dos Trabalhadores dos Estabelecimentos de Crédito) e vice-presidente da antiga CGT.
Com o golpe de 1964, Aluísio teve seus direitos políticos cassados e passou a ser literalmente caçado pelos órgãos de repressão. Em fins de maio de 1964 asilou-se na Embaixada do México, indo posteriormente para Cuba.
Em 1969, representou o Brasil na OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade), em Havana, Cuba. Em 1970, regressou clandestino ao Brasil. Manteve contato com familiares por ocasião do casamento de sua filha. Em 24 de abril desse mesmo ano ainda fez contato com a família. Depois desse dia, o silêncio.
Em 1976 correram os primeiros boatos de sua morte, confirmados em 1978 através de carta de Altino Dantas Jr., seu companheiro de prisão, encaminhada ao Ministro do Superior Tribunal Militar, General Rodrigo Otavio Jordão Ramos, denunciando o assassinato de Aluísio Palhano nas dependências do DOI-CODI da Rua Tutóia, em São Paulo, na madrugada de 21 de maio de 1971. Segundo esse relato, Aluísio esteve prisioneiro durante 11 dias, sofrendo as piores torturas.
A Anistia Internacional confirmou esse depoimento.
"O preso político Nelson Rodrigues Filho também denunciou que esteve no DOI-CODI/RJ com Aluísio Palhano.
Apesar de todos estes testemunhos, os órgãos de segurança não reconheceram, até hoje, a prisão e a morte de Aluísio.
Foi preso no dia 9 de maio de 1971 e assassinado pelo torturador Dirceu Gravina no dia 21 de maio de 1971.
Inês Etienne Romeu, em seu Relatório, afirmou que Aluísio foi levado para a "Casa da Morte", em Petrópolis, em 13 de maio de 1971. Informou que quem o viu pessoalmente naquele aparelho clandestino da repressão foi Mariano Joaquim da Silva, também desaparecido desde aquela época, que presenciou sua chegada, narrando o seu estado físico deplorável. Inês ouviu a voz de Aluísio várias vezes, quando interrogado na "Casa da Morte".
Os relatórios dos Ministérios da Marinha, Exército e Aeronaútica não fazem refrências à sua morte.
O nome de Aluisio Palhano foi encontrado, em 1991, no arquivo do DOPS/PR numa gaveta com a identificação "falecidos".
Em 21/05/86, em homenagem à Aluísio Palhano, foi inaugurada rua com seu nome no bairro Campo Grande, no Rio de Janeiro, pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. Em 1994, Aluísio Palhano recebeu a Medalha Pedro Ernesto, da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, proposta pelo vereador Adilson Pires. E, em 2000, recebeu a Medalha Chico Mendes de Resistência outorgada pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, por indicação do Sindicato dos Bancários.
Documentos
Artigo de jornal
Corpo de A. Palhano pode estar em Perus. Jornal do Vereador Altino Dantas, Santos, dez. 1990, p. 3. O vereador Altino Dantas, que esteve preso nas dependências do DOI-CODI juntamente com Aluísio Palhano durante a repressão militar, afirmou que o corpo de Palhano pode estar enterrado no Cemitério de Perus e está entrando em contato com os familiares e a Comissão envolvida para desvendar as identidades dos desaparecidos políticos. Afirma que, inaugurado durante a administração de Paulo Maluf, o Cemitério de Perus, em São Paulo, serviu aos interesses da repressão política.

Artigo de jornal
Hatori, Elza. Provas confirmam mortes da ditadura. Diário Popular, São Paulo, 1 de ago. 1991, p. 2. Trata da disponibilização do arquivo do DOPS/PR à Prefeitura de São Paulo para a realização de trabalho em Curitiba pela Comissão Especial de Investigação que foi criada por esta Prefeitura para acompanhar o processo das ossadas enterradas no Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo. As investigações levaram à confirmação da morte de vítimas da ditadura que não tiveram o óbito assumido pelo regime militar. Foram localizadas 17 fichas de militantes desaparecidos no arquivo do Paraná dentro de uma gaveta com a inscrição "Falecidos". Apesar das fichas e prontuários terem sido localizados em Curitiba, a maior parte destes 17 militantes desapareceu em São Paulo, depois de serem presos e torturados.

Artigo de jornal
Ossadas do cemitério de Perus serão identificadas na Unicamp. Correio Popular, Campinas, 13 set. 1990, p. 13. Comunica que o líder do governo na Câmara Municipal de Santos, Altino Dantas (que é citado como Antino Dutra), do Partido dos Trabalhadores (PT), tem certeza de que o corpo de Aluísio encontra-se no Cemitério de Perus. Altino esteve preso com Aluísio e denunciou a morte do mesmo por tortura por meio de uma carta enviada ao Superior Tribunal Militar (STM). Diz que, enquanto estavam presos, fizeram uma promessa de que, quem sobrevivesse, denunciaria a morte do outro; por isso, Altino publica esta carta nos jornais todos os anos no aniversário da morte de Aluísio. O artigo trata também dos trâmites em torno das identificações das ossadas de Perus.

Artigo de jornal
Eloysa, Branca. Aluízio Palhano. (Fonte ilegível), Niterói, 14 set. 1987. Histórico de Aluísio por sua cunhada, Branca Eloysa, informando que era conhecido, desde a infância, como o protetor dos menores e mais fracos e por não tolerar injustiças. Cita a morte do irmão Honésio, oficial da Marinha Mercante, devido ao torpedeamento do navio Tutóia na época da guerra contra o fascismo, e cujo corpo nunca foi encontrado. Tornando-se sustentáculo da família, ingressa no Banco do Brasil, trabalha à tarde em uma loja pertencente ao tio e, à noite, cursa a Faculdade de Direito de Niterói. Foi, por duas vezes consecutivas, presidente do Sindicato dos Bancários. Em 1963, é eleito presidente da Confederação dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Crédito (CONTEC) e vice-presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT). Luta, junto ao Presidente João Goulart, pela aprovação da lei que regulamenta a remessa de lucros para o exterior. Com o Golpe militar de 1964, é demitido do Banco do Brasil, seus direitos políticos são cassados e é literalmente caçado pelos órgãos de repressão. Apesar de ter sido morto em 1971, sob torturas, apenas em 1976 correm os primeiros boatos sobre sua morte, confirmados em 1978 pela carta de seu companheiro de prisão Altino Dantas.

Foto
Foto de rosto de Aluísio, com texto manuscrito assinado por Branca, sua cunhada, e destinado a Altino (Dantas). Informa que, quando Aluísio foi seqüestrado em uma rua de São Paulo, estava com a carteira de identidade de um irmão morto chamado João Alves Pedreira Ferreira. Seguem, em anexo, trechos de jornais sem fonte e data sobre Aluísio e seus dados pessoais, incluindo características físicas, assinado também por Branca Eloysa, Rio de Janeiro, 14/09/90.


Relatório
Documento do Serviço Secreto do DOPS/SP de 27/01/67. Informa que: Aluísio fez parte do Encontro Latino-Americano de Solidariedade a Cuba. Segundo relatório de 04/07/60; é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito do Rio de Janeiro (CONTEC), cujas publicações entre 12/63 e 01/64, apontam a atuação comunista deste órgão; é vice-presidente do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), que publicou seu relatório sobre a Conferência Plenária do Comitê Sindical de Consulta e de Unidade de Ação Antimonopolista, efetuado em 27 e 28/11/63; seu nome saiu na imprensa em 08/10/64 na lista de nomes de atingidos pelo Ato Institucional; consta em relatório da Guanabara de 29/04/65 sobre ordem de prisão e em uma lista do DOPS/RJ, em 05/65. Inclui códigos das pastas de que foram retiradas as informações, a cada parágrafo.



Relatório
Relatório de Aluísio Palhano, do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), Rio de Janeiro, de 06/12/63, sobre a Conferência Plenária do Comitê Sindical Mundial de Consulta e de Unidade de Ação Anti-Monopolista, realizada em 27 e 28/12/63, em Leipzig, República Democrática Alemã (RDA). Relata que teve dificuldade na obtenção do visto tendo chegado apenas na conclusão do evento. Cita que, "da análise da ofensiva dos monopólios e da poderosa contraofensiva dos trabalhadores, foi confirmada a necessidade de uma ação mais eficaz das organizações sindicais e da constituição do Comitê Sindical Mundial, (...) amplo, unitário e representativo, que se reunirá uma vez por ano, em Leipzig, para trocar experiências, consultar-se e traçar uma linha unitária de luta antimonopolista". Segue, em anexo, informe de Aluísio sobre o Brasil preparado para esta reunião. O documento possui o carimbo do DOPS.

Relatório
Documento do Serviço de Informações do DOPS/SP, sem data. Apresenta informações sobre Aluísio desde o início de 1959, onde consta em relatório apontando que comunistas estão atuando como diretores de sindicatos, federações e confederações de bancários. Em outro relatório citado, de 20/02/67, Aluísio esteve asilado na Embaixada do México, durante o desenrolar da Revolução de 31 de Março de 1964; além disso, o Comando Supremo da Revolução, pelo Ato Institucional de 09/04/64, suspendeu, por 10 anos, seus direitos políticos. Apresenta também suas ações políticas como participação em eventos internacionais sobre questões sindicais e suas aparições na imprensa. Cita que o nome de Palhano figura na relação de brasileiros que se encontram no exterior, em 22/09/78; no entanto, os dados conhecidos de sua morte são de 1971, no DOI-CODI/SP. Acompanha cópia com carimbo do DOPS e códigos das pastas das quais foram retiradas as informações.

Relatório
Relatório produzido pelo Comitê de Solidariedade aos Presos Políticos do Brasil em 02/73. Denuncia mortes de presos políticos aos Bispos do Brasil. Documento apreendido pelo DOPS em poder de Ronaldo Mouth Queiroz.

Folheto
Carta a um General, por Altino Dantas, "in memoriam" de Aluísio Palhano, de 09/85. Apresenta breve histórico de Altino Dantas, ex-preso político, então vereador em Santos pelo Partido dos Trabalhadores (PT), e sua carta enquanto esteve preso no Presídio do Barro Branco, em São Paulo, SP, ao General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, Ministro do Superior Tribunal Militar (STM), de 01/08/78. Nesta carta, conta as circunstâncias em que foi preso, a tortura a que foi submetido e seu encontro com Aluísio, afirmando sobre sua morte após torturas.

Ficha pessoal
Documento no DOPS/SP, apontando que Aluísio é advogado e bancário. Em 23/05/75, foi anotado que seus direitos políticos foram suspensos por dez anos de acordo com os Atos Institucionais n. 1, de 09/04/64, n. 2, de 27/10/65 e n. 5, de 13/12/68.

Ficha pessoal
Documento da Delegacia de Ordem Política e Social do Paraná de 03/02/71, informando sobre a suspensão dos direitos políticos de Aluísio em 1964 e sobre sua participação em curso de guerrilha em Cuba.

Evento/ Homenagem
Homenagem aos desaparecidos políticos por meio de ato de oficialização dos nomes das ruas do Jardim da Toca, em São Paulo, SP, em 04/09/91, contando com a presença da prefeita Luíza Erundina, do vereador Ítalo Cardoso, dos familiares dos homenageados e de representantes da sociedade. Homenageados: Ana Rosa Kucinski Silva, Antônio Carlos Bicalho Lana, Antônio dos Três Reis Oliveira, Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, Aylton Adalberto Mortati, Elson Costa, Hiran de Lima Pereira, Honestino Monteiro Guimarães, Ieda Santos Delgado, Maria Lúcia Petit da Silva e Sônia Maria de Moraes Angel Jones. Acompanha convite para a solenidade.

Legislação
Lei 9.140/95. Diário Oficial, Brasília, n. 232, 5 dez. 1995. Reconhece como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em atividades políticas, entre 02/09/61 a 15/08/79, e que por este motivo tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, desde então, desaparecidas, sem que delas haja notícias. No Anexo I desta Lei foram publicados os nomes das pessoas que se enquadram na descrição acima. Ao todo são 136 nomes.



Certidão
Certidão da Divisão de Segurança e Informações, da Polícia Civil do Paraná, para a Comissão Especial de Investigação das Ossadas encontradas no Cemitério de Perus, de 24/07/91. Certifica que as fichas das pessoas a seguir foram encontradas no arquivo do DOPS, em gaveta com a identificação "Falecidos": Aluísio Palhano Pedreira Ferreira, Hiran de Lima Ferreira, Edgard de Aquino Duarte, Paulo Stuart Wright, Eduardo Collier Filho, Helenira Resende de Sousa Nazareth, Miguel Pereira dos Santos, José Huberto Bronca, Isis Dias de Oliveira, Antônio dos Três Reis Oliveira, Ayrton Adalberto Mortati, Jorge Leal Gonçalves Pereira, Luiz Almeida, Ruy Carlos Vieira Berbert, Joaquim Pires Cerveira, Virgílio Gomes da Silva e Elson da Costa.

Para entender o que foi a Ditadura